A Casa da Pesca do Marquês de Pombal
uma ruína a pedir intervenção urgente
[ arquitectura ]
Quinta de Cima do Marquês de Pombal, Oeiras
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A Casa da Pesca
A Casa da Pesca do Marquês de Pombal / Conde de Oeiras, é um raro exemplar de arquitectura barroca e, infelizmente um vulgar exemplo de laxismo!
Integrada na Quinta do Marquês de Pombal e hoje sob a tutela da Estação Agronómica Nacional / Ministério da Agricultura, tem vindo a degradar-se ao longo de penosas décadas sem que nada seja feito para a preservar... a desculpa de sempre!! Falta de verbas!!
A Casa da Pesca foi classificada Monumento Nacional em 1940, e desde que foi entregue à EAN / MA, que tem sido completamente descurada, é inadmissível que um organismo do Estado trate o património de uma forma tão vil!!!
Antes de abordar a sua história, gostaria de sugerir uma forma fácil de rentabilizar este espaço, tornando-o auto-sustentável e até rentável, até um chimpanzé consegue ver essa tão óbvia hipótese... uma CASA DE PESCA!!
Quantos de nós não gostaríamos de passar algumas horas com amigos e familiares a descontrair à beira lago, numa agradável pescaria envolvidos num ambiente monumental e cheio de história?
Alugando no local uma cana de pesca, e pagando ao kilo tudo o que conseguíssemos pescar, podendo até confeccionar no local num grelhador, ou para os mais exóticos com um "chef" de sushi. Também se poderia aqui ministrar aulas de pesca, com um professor trajado à marquês que nos ensinaria o melhor desta arte, além de poder vender as minhocas que povoam estes férteis terrenos...
Muitos outros projectos aqui se poderiam executar, contribuindo financeiramente para a recuperação e sustentação deste magnífico espaço. Desta forma, angariar-se-iam as verbas necessárias para a reabilitação, criar-se-iam postos de trabalho, e dar-se-ia a Oeiras mais um aprazível local de saudável convívio, em vez de eternamente esperar pelas verbas há muito esgotadas pelo IGESPAR.
A história deste monumento reporta-se ao ano de 1765, e terá sido a última estrutura a ser construída neste núcleo arquitectónico. Terá sido eventualmente gizada por Carlos Mardel, uma vez que foi este o autor do projecto do palácio e dos jardins, embora a sua edificação seja posterior à morte do mestre que reconstruiu a cidade capital.
Foi situada na chamada "Quinta Grande", a antiga "Quinta do Taveira", uma parte da propriedade dedicada à exploração agrária, e a sua função era puramente lúdica. Foi idealizada para as pescarias de fim-de-semana que tanto entusiasmavam Sebastião José de Carvalho e Mello.
O Marquês anunciava a sua vinda via pombo correio, despoletando uma autêntica "caça ao peixe" na Ribeira da Lage levada a cabo pelos seus atarefados empregados, incumbidos de providenciar o tanque com o maior número peixes que conseguissem apanhar. A faina era feita numas embarcações conhecidas por "casca de côco", levando o destino destes pobres peixes a que fossem pescados duas vezes.
Este conjunto é formado por um jardim adornado com um frondoso arvoredo, ladeado por três portões que lhe servem de nobre acesso, ao centro vive um lago com o formato de quatro cadernas tendo ao centro uma estrela de oito bicos, representando o brasão dos Carvalho e reivindicando a posse da propriedade para a casa de Pombal.
Dando-nos acesso ao patamar superior, somos convidados a subir por umas escadas simétricas, onde ao centro resta uma fonte seca como uma testemunha muda dos seus tempos áureos.
No patamar superior somos brindados com um dos mais românticos cenários que nos transporta ao século XVIII em todo o seu esplendor... o ambiente e toda a envolvência deste encantado recanto, além de uma lição de história, dá-nos uma lição harmonia arquitectónica, em que facilmente nos transportamos para um mundo de fausto barroco, recuando duzentos e cinquenta anos.
Aqui encontramos um lago de generosas e harmoniosas proporções, alimentado por uma fonte pisciforme e envolvido por um grandioso mural revestido por riquíssimos painéis de azulejos, onde estão representadas cenas de mitologia e cenas de pesca. Ao centro, uma escadaria leva-nos à Fonte do Ouro, outrora servida pela Cascata do Taveira ou dos Gigantes.
Nesse patamar, duas portas em cada lado da cascata, conduzem-nos ao terraço onde se pode admirar este cenário num ponto de vista privilegiado, dando-nos uma clara noção da grandeza deste espaço.
É neste nível que se encontra a Casa da Pesca, totalmente degradada e descurada, o seu interior, ao qual não tive acesso, é decorado por elaborados estuques e frescos em avançado estado de ruína. Vítima de infiltrações e apodrecimento do telhado que ameaça derrocar.
Esta casa era utilizada pelo Marquês de Pombal para guardar o seu equipamento de pesca e para se apetrechar para essa empolgante actividade. Foi utilizado nos anos setenta do século passado, como creche começando aí a sua acelerada deterioração. Consta que as crianças se divertiam a apedrejar os painéis de azulejos causando mazelas irreparáveis...
Recentemente, um corajoso e dedicado cidadão, a quem presto aqui homenagem, tem-se devotado às suas próprias custas à preservação de todo este espólio. Quis um dia que o destino o tivesse guiado nesta direcção, deparando-se horrorizado com o estado de abandono deste magnífico local. Deitando mãos-à-obra, diariamente se empenha com todos os seus esforços para melhorar a Casa da Pesca, da qual se tornou guardião... ao valoroso Paulo Augusto, aqui tiro o meu chapéu...
Publicada por Gastão de Brito e Silva em 3/01/2014 02:51:00 AM
http://ruinarte.blogspot.pt/2014/03/a-casa-da-pesca-do-marques-de-pombal.html
fonte Luís Gaspar Pinto [ facebook ]
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veja o nosso álbum de fotografias Quinta de Cima do Marquês de Pombal [ facebook ] onde encontra muitas mais fotografias da Casa da Pesca e do conjunto monumental no qual ela se enquadra [ Cascata do Taveira, Tanque para pesca, painéis de azulejo e estruturas envolventes ]
fotografia de abertura - um pormenor da Casa da Pesca [ fotografia datada 09-09-2006 ] © josé antónio • comunicação visual reprodução proibida.
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