Biblioteca Municipal de Oeiras
Razão, saber e poder
Com Irene Pimentel e Jacinto Godinho
Moderação: Carlos Pinto Coelho
Desde sempre os Homens forjam ao pensamento, formas, estruturas conceptuais, ideias com que configuram a realidade e que permitem a leitura e interpretação do mundo. Este mecanismo está, de resto, na génese das diversas concepções da realidade que foram moldando, durante milénios, a nossa visão e o nosso modus vivendi!
A palavra polis traduz, por isso, um modelo cultural e racional de que somos herdeiros. Perceber o modo como as sociedades se organizaram, ou seja, o modo como o pensamento configurou estas associações de pessoas na antiguidade clássica grega é fundamental para a compreensão do sistema político actual e as diversas formas de governo que a história conheceu.
Para reflectir e pensar o mundo, a história e as suas lutas são necessárias representações destinadas a decifrar o real, uma espécie de esquemas de revelação e de compreensão. As ideias captam o real, mas captam igualmente os homens e apoderam-se deles.
A cidade grega, aberta ao diálogo e à democracia, inventou, por isso, um tipo de razão dedicado ao pensamento teórico e laicizado e liberto da ordem do mito: uma racionalidade até certo ponto "laica", que organiza a experiência sem recorrer a princípios teológicos. Trata-se, evidentemente, de uma razão especulativa que deixa de estar, como entre os orientais, ligada a uma taumaturgia ou a segredos divinos. O pensamento grego liberta-se lentamente da consciência mítica ou religiosa, para fundar e criar a razão humana: o logos, palavra que, em grego, significa simultaneamente palavra, discurso ou razão.
À lei junta-se a instauração da democracia, criadora de uma racionalidade inédita. A regra da democracia transforma a arte da demonstração num verdadeiro mecanismo de poder. Ao mesmo tempo, a palavra torna-se rainha e do domínio da linguagem emerge o logos ou a razão.
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