De Fernando Correia de Oliveira recebemos via email, agradecemos, retribuímos e partilhamos com todos:
A vida tem na aldeia um ritmo que a cidade nunca poderá entender. Cada compasso, aqui, dura um ano certo. Porque se mata o porco só pelo Natal, se os salpicões ficam salgados passam-se trezentos e sessenta e cinco dias a repetir:
- Os salpicões ficaram salgados.
A correcção apenas se poderá fazer no ano seguinte.
Cada semente que a mão lança à terra, cada árvore enxertada, cada lagar de vinho, prendem o homem a um pelourinho de expiação, de doze meses. Desde que haja engano numa realização, só na próxima sementeira, época ou colheita se poderá retomar a liberdade, para de novo semear, enxertar e pisar -- e apagar da própria lembrança e da dos vizinhos o erro vital cometido.
Miguel Torga - Diário IV
Nesta época de tradicional regresso às origens, às raízes, votos de Boas Festas. Siga o seu ritmo, seja ele qual for.
Life, at the countryside has a rhythm that the city will never understand. Each action, here, lasts a full year. As you kill the pig only by Christmas, if the sausages get salty, 365 days will pass and everybody will repeat every day:
- The sausages are salty.
Only the following year it will be possible to repair it.
Each seed the hand launches to the ground, each branch tree chopped, each grape wine pressed, links the man to a punishment of twelve months. If you make a mistake, only at the next seeding, pressing or harvest you will reconquest freedom to seed, press or harvest again – and erase from your own memory and that of your neighbors the vital error committed.
Miguel Torga, Portuguese writer (1907-1995) – Diary
In a rhythm whatever you like, I wish you all the best
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