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sexta-feira, 22 de maio de 2009

Dançar a Poesia de Almutâmide

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Começou ontem, 21 de Maio, o 5.º Festival Islâmico de Mértola, que decorrerá até 24 de Maio, pelo que ainda poderá aproveitar para passar por lá. Na sequência do mesmo, recebemos de porosidade etérea via email:

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Papoila de Odiana
Hababaura al-uadi Aniyya

Dançar a Poesia de Almutâmide


Através da dança, executada por Elsa Shams, com música ao vivo, convidamo-lo a descobrir o universo do grande poeta Almutâmide Ibne Abbâde, considerado o mais importante dos poetas da 2ª metade do Século XI no Garb al-Andalus.
Este percurso tem como ponto de partida os poemas de Amutâmide, ditos em Português e em Árabe, respectivamente por Eduardo M. Raposo e por Tiago Bensetil, apresentado pelo primeiro, que nos traça o percurso cronológico e nos introduz no seu mundo poético corporizado por Elsa Shams, que (re)cria, através da dança, e da coreografia, o mundo encantatório da poética de Almutâmide. Este belo espectáculo de movimento, poesia e música é complementado com a passagem de imagens, documentos, figurações e voz-off.

Próximos espectáculos:
5.º Festival Islâmico de Mértola
Dias 22 e 23 de Maio 2009 • 18.00h
Teatro Marques Duque


O Poeta e o seu Mundo

Almutâmide Ibne Abbâde nasceu em Beja em 1040 onde terá vivido até aos 12 anos, tendo-se então estabelecido em Silves, onde o seu pai, rei em Sevilha, o nomeou governador. Silves era então a capital cultural de Garb, onde o jovem Princípe terá passado a “juventude rodeado da subtileza etérea da Poesia e da beleza feminina, bem terrena

Quando aos 29 anos herdeu de seu pai Almutadide o trono do reino-taifa de Sevilha. Amutâmide iniciou um breve período de 22 anos, que todavia é considerado o “o Século de Almutâmide”, período iluminado de um reino secreto onde o universo poético se associa a subtileza de uma corte onde as pétalas de rosa e o jasmim contracenam com os rubis e as pedras preciosas saboreadas nas tertúlias poético-báquicas; numa corte onde as artes e as letras são impulsionadas e o Rei é um empenhado benemérito - tal foi o apogeu civilizacional acontecido, herdeiro directo do califado de Córdova, que na sua fase final igualara e até suplantara Damasco e Bagdade - e desta feita Sevilha iguala e até suplanta Córdova.

Almutâmide personifica o Princípe Renascentista avant la lettre, o Homem sensível e apaixonado, de que a sua Poesia é reflexo, nomeadamente nos poemas dedicados a Itimade, a maior de todas as paixões, o criador no mais puro sentido mas também o crítico perspicaz e culto. Ao mesmo tempo é também um estadista marcante e um guerreiro corajoso, que soube enfrentar com dignidade as adversidades e o irresistível processo histórico da tomada do al-Andalus pelos Almorávidas, que o exilaram para o Norte de África, após passar por Tânger e Meknés, viveu quatro anos prisioneiro no Sul de Marrocos, em Agmâte , onde veio a morrer no meio do maior sofrimento e miséria, mas a sua memória permanece perene nos nossos dias e o seu mausóleu é local de culto dos amantes da Poesia de todo o mundo.

A título de exemplo referimos dois poemas, o primeiro acróstito, dedicado á sua amada Itimâde.

I’timâd

Invisível a meus olhos,
trago-te sempre no coração
Te envio um adeus feito paixão
e lágrimas de pena com insónia.
Inventaste como possuir-me
e eu, o indomável , que submisso vou ficando!
Meu desejo é estar contigo sempre
oxalá se realize tal desejo!
Assegura-me que o juramento que nos une
nunca a distância o fará quebrar.
Doce é o nome que é o teu
e aqui fica escrito no poema: I’ timâd.

O desejo, a Paixão, o Amor por esta mulher espirituosa e, por ventura, senhora de grandes caprichos, a que o monarca faria “milagres” para corresponder, maravilhado, encantado, como quando terá plantado amendoeiras na Serra de Córdova (ou seria no Algarve?), porque ela queria ver neve; ou quando desejou pisar barro e o soberano mandou misturar açúcar, canela e perfume no pátio do palácio para satisfazer o capricho da sua amada, como verdadeiro apaixonado.

O Amor e o seu poder, o maior de todos os poderes, o poder do Amor como nest´outro, intitulado

Poder

meu olfacto é teu odor delicioso
e o teu rosto o senhor dos olhos meus,
por seres minha, mesmo depois do adeus,
é que todos me chamam poderoso.

FICHA TÉCNICA

Papoila de Odiana - Dançar a Poesia de Almutâmide

Duração do espectáculo: 70 minutos

Ideia Original e Direcção Artística de Eduardo M. Raposo
Encenação de Eduardo M. Raposo
Concepção Musical e Coreográfica de Elsa Shams
Cenografia e guarda-roupa de Elsa Shams
Execução e Dança de Elsa Shams
Concepção e Execução Musical e Instrumental ao vivo de Jorge Machado
Voz-off Jorge Lino, Sofia Raposo, Tiago Bensetil e Eduardo M. Raposo

Representação a cargo de:
Eduardo M. Raposo (Almutâmide e Afonso VI)
Elsa Shams e Sofia Raposo (Itimâde )
Tiago Bensetil (Ibne Ammâr)
Produção de Imagens Vídeo de João Maia
Sonoplastia de Bruno Silva
Desenho de Luzes de Elsa Sahms e Eduardo M. Raposo
Cartaz e Programa (concepção e design gráfico) de Tiago Bensetil

CONTACTOS:

Eduardo M. Raposo
Rua Galileu Saúde Correia, nº 3 – 4º C
2800-691 Almada
Tml 96 136 12 86
Emails: eduardoepablo@gmail.com ou
eduardomraposo@portugalmail.pt


Saudações artísticas e poéticas

Eduardo M. Raposo
(Director Artístico)

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