Esta tradição (não exclusiva) de Ponte de Lima, esteve praticamente ausente das manifestações culturais populares do concelho ao longo das décadas de 80 e 90 do século passado, tendo sido recuperada pela Associação Cultural e grupo de teatro “Unhas do Diabo”, em colaboração com o Município de Ponte de Lima e as escolas do 1º ciclo do concelho de Ponte de Lima, no ano de 2004, através da dinamização de um concurso de “construção” de bonecas e a subsequente exposição das mesmas, terminando o evento com a realização do cortejo e queima das bonecas, no Largo de Camões, no meio do pranto de “velhas”.
Esta tradição, também popularmente designada noutras latitudes de serrar, serrage(m), sarra(i)ge, serradela, serra, em Ponte de Lima ela é vulgarmente conhecida por serrada da velha. É uma antiga tradição popular, integrada nos rituais de passagem, ligada ao simbolismo da regeneração e renovação, havendo uma multitude de leituras do fenómeno: crítica a tudo o que é velho e a sua destruição para dar lugar ao novo; tipo de celebração da “expulsão da morte”, que marca, no limiar da primavera, o renascer do novo ano agrário; são várias as opiniões que a entendem como sendo a personificação do ano velho; relacionamento com a personificação da própria Quaresma, da qual marca o meio; a irreverência da Serração da Velha contrastante com a austeridade da Quaresma, sendo aí que está grande parte da sua força enquanto momento de crítica social; a Serração da Velha como um singular e incompreensível desaforo; como representação de um vestígio de um antigo acto mágico que consistia em expulsar o Inverno para ele não molestar os homens”; claro ritual de crítica social onde a figura da velha resume os males do grupo, sendo a Serração da Velha uma celebração que consiste numa manifestação ruidosa, com intenção trocista e provocatório dirigida pela juventude masculina local contra as mulheres velhas.
fotografia do Largo de Camões do sítio internet SkyscraperCity publicada por Lampiao2000 a quem agradecemos.
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