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sábado, 11 de dezembro de 2010

Esta vida é uma cantiga! Ocasos do viver numa aldeia serrana


n.b.: O Prof. José d'Encarnação é nosso associado.


aldeia serrana de Gondramaz, Miranda do Corvo


Esta vida é uma cantiga!

Ocasos do viver numa aldeia serrana

[ apresentação editorial ]

João Orlindo Marques [ autor ]

José d'Encarnação [ apresentação ]

12 Dezembro 2010, 16h00

Pastelaria Ribeiro, Cascais



Sei que as agendas, prezada(o) Amiga(o), estarão por estas alturas muito preenchidas. Não queria, no entanto, deixar de lhe dar conhecimento da apresentação cujo convite segue em anexo.

Foi pensada quase em jeito de homenagem simbólica a quantos - e isso direi - vindos da província há 50 ou mais anos, se radicaram no concelho de Cascais (a Pastelaria Ribeiro existe também na Parede, onde é uma referência) e muito têm contribuído para a sua prosperidade.

O livro, feito sob minha orientação, é repositório de memórias e de rituais que correm sério risco de se perder.

Para ele tive ensejo de escrever o prefácio de que, desde já, lhe dou conhecimento em anexo, para o caso de ter uns minutinhos para o ler.

Um abraço e boa semana de trabalho!


J. d'E.


Pefácio em anexo:


Dos ecos ressuscitados


Era, de facto, assim.

Ao longo dos meses. O ritmo doloroso mas sereno de uma existência frugal, atenta aos sinais do céu, leitora sapiente dos escritos na paisagem. Paisagem moldada pelo suor do Homem, no caminhar persistente – que já vem perto o ritual das sementeiras, das colheitas, das desfolhadas… como reza o Borda d’Água…

Vida ritual, sem dúvida, pautada pelos adágios séculos afora

consolidados, na experiência das gentes…

Aninha-se a aldeia da Barriosa no regaço de duas serras beirãs, a da Estrela e a do Açor. Tem a bonita cascata do Poço da Broca; teve lagares, eiras, moinhos… E vai perdendo gente.

É Barriosa concreta, de pessoas concretas, com nome e idade (tinha Antoninho do Fôjo 99 anos…), e histórias vividas («Um dia de Maio pela manhã, indo um rapaz com a charrua às costas para o campo, encontrou uma moça do seu agrado…»). Mas será também – quiçá sobretudo – uma Barriosa-símbolo, cantiga de vida cujos ecos aqui se ressuscitam, se transmitem, se querem erguer altaneiros em certeiro anátema contra o «mutismo de um dia passado à frente do pequeno ecrã» globalizante, uniformizador, castrante… Um símbolo, ele também! «Velho que morre, biblioteca que arde», escreveu o etnólogo do Mali, Amadou Hampâté Bâ. Este, porém, quer ser o livro que ousou escapar ao incêndio, dele corajosamente arrebatado pelas mãos de quem soube ouvir, se dispôs a escutar e os pormenores cuidadosamente anotou, para que não viessem a perder-se. Para que houvesse memória e, com ela, identidade!

Já se esqueceram os adágios? Já não há o tapador da levada nem o “mestre barbeiro” que cuidava da saúde aos moradores? O sol a pôr-se no Monte do Colcurinho, «a 1244 metros de altitude, já não marca, como o fazia outrora, a hora de regresso dos campos»? Já as torgas não crepitam nas fogueiras? Já o sino não repica como dantes? Já tudo desarvorou para a cidade anónima e… sem terra?...

João Orlindo conta como foi: já não, já não, já não… O panorama do que deixou de existir, sim; relembrado aqui, corre todavia sério risco de poder ressuscitar.

Oxalá!



fonte Rui Lemos


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Pastelaria Ribeiro

[ junto da Biblioteca Muncipal ]

Av. Costa Pinto, 91 A

Cascais


fotografia de abertura do sítio internet Pátio do Xisto a quem agradecemos.


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