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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Branca de Gonta Colaço e Maria Archer - Memórias de Oeiras



Iniciativas de Verão 2011
Diálogos em Noites de Verão - Ciclo de Conferências

Estação de Oeiras

Forasteiros e Estrangeiros em Terras de Oeiras
Branca de Gonta Colaço e Maria Archer
Memórias de Oeiras
[ palestra ]
Célia Florêncio [ oradora ]
15 Setembro 2011, 21h15
Casa das Queijadas de Oeiras, Centro Histórico de Oeiras
entrada livre

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capa da edição fac-similada da obra conjunta
de Branca de Gonta Colaço e Maria Archer

Colaço, Branca de Gonta, e Archer, Maria, "Memórias da Linha de Cascais", Ed. Parceria António Maria Pereira, Lisboa, 1943. Edição fac-similada, em Março de 1999, com os apoios da Câmara Municipal de Cascais e da Câmara Municipal de Oeiras.

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Branca Eva de Gonta Syder Ribeiro Colaço [ 08-07-1880 — 22-03-1945 ]

(…)
Branca Eva de Gonta Syder Ribeiro nasceu em Lisboa a 8 de Julho de 1880, filha do político e poeta Tomás Ribeiro e da poetisa inglesa Ann Charlotte Syder. Nascida numa das famílias mais ligadas à actividade intelectual da época, na sua juventude convive com nomes de relevo das letras e das artes portuguesas.
Com apenas 18 anos de idade, casou em 1898 com o pintor e azulejista Jorge Rey Colaço, adoptando o nome de Branca de Gonta Colaço. O apelido Gonta, na realidade um sobrenome, deriva de Parada de Gonta, a aldeia natal de seu pai.
Cedo revelando talento para as letras, inicia-se como poetisa e como colaboradora de publicações literárias, contribuindo activamente para um grande número de jornais e revistas. Deixou colaboração dispersa por múltiplos peródicos, com destaque para os jornais O Dia, de José Augusto Moreira de Almeida, e O Talassa, um periódico humorístico que foi dirigido pelo seu marido.
Por iniciativa sua, a Academia das Ciências de Lisboa promoveu em 1918 uma homenagem a Maria Amália Vaz de Carvalho. Nessa ocasião distinguiu-se também como conferencista e recitalista.
Era poliglota, escrevendo correntemente em inglês, sendo-lhe devidas algumas traduções de grande mérito.
A sua obra multifacetada abrange géneros tão diversos como a poesia, o drama e as memórias. Nela dá um valioso retrato das elites sociais e intelectuais portuguesas do seu tempo, com as quais conviveu e de que fez parte.
Com uma obra reconhecida em Portugal e no Brasil, França e Espanha, foi distinguida por várias sociedades científicas e literárias portuguesas e estrangeiras. O Estado português agraciou-a com a Ordem de Santiago da Espada.
Branca Colaço foi mãe do escritor Tomás Ribeiro Colaço e da escultora Ana de Gonta Colaço.
Faleceu em Lisboa a 22 de Março de 1945. Em Lisboa e em Parada de Gonta existem ruas com o seu nome.
(…)


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Maria Emília Archer Eyrolles Baltasar Moreira [ 04-01-1899 — 24-01-1982 ]

Maria Emília Archer Eyrolles Baltasar Moreira, na cena literária Maria Archer, nasceu em Lisboa, no dia 4 de janeiro de 1899. Foi a primeira dos seis filhos do casal. Parece ter escrito versos, com frequência, durante a sua infância, mas deles nada resta. Começou, desde cedo, a viajar com os pais. (De 1910 a 1913 Ilha de Moçambique; 1914 Algés e, posteriormente, Sto Amaro; de 1916 a 1918 Guiné - Bolama e Bissau.).

Terá feito apenas a 4ª classe (terminada aos 16 anos, por iniciativa própria), pelo que podemos considerá-la uma autodidata. Em 1921, encontramo-la em Faro com a família e aí casa com Alberto Passos, natural de Vila Real, no dia 29 de agosto de 1921. Vão viver para o Ibo – Moçambique. Cinco anos depois regressam a Faro e de seguida vão para Vila Real. Trás-os-Montes é o último cenário de fundo do jovem casal. O casamento durou apenas dez anos. Vem para Lisboa mas os seus pais estavam, nessa altura, em Angola e para lá vai por volta de 1932. Em Luanda, publica o seu primeiro livro - Três Mulheres (1935) - de parceria com Pinto Quartim Graça. Nesse ano regressa a Portugal. Vivia, então, do que escrevia para jornais e das suas obras, tendo mesmo algumas delas chegado à terceira edição. A sua obra tem também um pouco de autobiografia pois a sua experiência de vida é, por vezes, transposta para as suas personagens. O romance Aristocratas (1945) marca o seu afastamento da família que se vê retratada nas personagens do mesmo. A sua vida foi nessa época particularmente difícil. Teve de lutar pela sua afirmação pessoal e profissional. Participa, então, em várias conferências, em Lisboa e no Porto, e faz várias entrevistas como jornalista (a Ester Leão e a Joaquim Manuel de Mãos, o “Pintor” por exemplo). A 5 de julho de 1955 parte para o Brasil, depois de a sua obra ter sido perseguida em 1938 e 39, e terem-lhe apreendido o livro Ida e Volta duma Caixa de Cigarros e, em 1947, Casa Sem Pão. Acompanhou, de perto, o julgamento do contestador da ditadura salazarista, capitão Henrique Carlos Galvão no Tribunal Militar de Santa Clara. Tendo-se proposto escrever um livro sobre o mesmo, vira a sua casa invadida pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) logo após o final do julgamento, em 1953. Viria a publicá-lo em 1959, no Brasil, sob o título Os Últimos Dias do Fascismo Português.

No Brasil, viveu pobre e doente, mas ainda escreveu bastante para alguns jornais, nomeadamente para O Estado de S. Paulo, Semana Portuguesa e Portugal Democrático. Naquele país, terá publicado cinco livros dos quais se conhecem apenas quatro: Terras onde se Fala Português, África sem Luz, Brasil, Fronteira da África e Os Últimos Dias do Fascismo Português (1959). Em 1974 ainda corrigiu os discursos dos candidatos às eleições legislativas e escreveu a propaganda para a rádio local. Em 1977 foi internada em São Paulo, donde terá saído para regressar a Portugal (26 de abril de 1979).

Foi, então, internada na Mansão de Santa Maria de Marvila (Lisboa), lar onde permaneceu até à morte (23 de janeiro de 1982). A obra de Maria Archer foi bastante diversificada. Tendo iniciado a sua obra literária nas colaborações em periódicos (Acção, Correio do Sul, Diário de Lisboa, Eva, Fradique, Humanidade, Ilustração, Ler, O Atlântico, O Mundo Português, Portugal Democrático, Seara Nova, Sol, Última Hora, O Estado de S. Paulo e Gazeta de São Paulo), o primeiro livro publicado foi uma novela. Atrever-nos-íamos a distinguir três fases na escrita da autora, sem pretendermos estabelecer compartimentos estanques. Assim de 1935 a 1944 (publica o seu primeiro romance Ela É Apenas Mulher) temos a fase em que foi sobretudo novelista ou contista. De 1944 a 1955 (data em que parte para o Brasil), atinge o auge da sua produção literária, revelando-se uma ótima romancista, observadora e narradora dos problemas que atingem a mulher dessa época. A terceira fase é iniciada em 1956, com a publicação de vários artigos no Portugal Democrático e publicação do livro que resultou da assistência às sessões do julgamento de Henrique Galvão. Com ele inicia a sua afirmação política, que coincide com a colaboração nos jornais Portugal Democrático e na Semana Portuguesa, ambos de São Paulo. Esta divisão não pretende ser rígida até porque, ao longo das três fases, temos uma linha condutora que é a dos ensaios e estudos sobre África e os costumes do seu povo (13 livros). Escreveu trinta livros em 28 anos, três deles chegaram à terceira edição e cinco tiveram três, o que mostra bem a recetividade do público à sua obra. Muito contestada por uns e muito apreciada por outros, todos lhe reconhecem um valor inigualável na literatura feminina do início do séc. XX. Na narrativa saltita da novela para o romance e deste para o ensaio ou literatura de viagens, chegando mesmo a focar os descobrimentos portugueses. Escreveu, também, 5 peças de teatro e ainda um romance de aventuras infantis e dois ensaios para que o público mais pequeno aprendesse um pouco de história de forma lúdica. No entanto, foi na forma audaciosa como retratou a mulher portuguesa e os seus problemas familiares e sociais que se tornou um marco na literatura feminina de meados do séc. XX. Dizia João Gaspar Simões, em 1930 «Não conheço mesmo outra (escritora portuguesa) que à audácia dos temas e das ideias alie uma expressão tão enérgica e pessoal. O seu estilo respira força e solidez.»



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fotografia de abertura, digitalização de postal da colecção Cem Anos da Linha de Cascais, edição das Relações Públicas da CPa quem agradecemos.
fotografia da Capa do sítio internet Cais do Olhar a quem agradecemos.
fotografia de Branca de Gonta Colaço do sítio internet Oeiras Com História a quem agradecemos.
fotografia de Maria Archer do sítio internet O Patifúndio! - Observatório multicultural do mundo em língua portuguesa a quem agradecemos.
fotografia da Casa das Queijadas do sítio internet Queijadas de Oeiras, no Facebook, a quem agradecemos.

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