domingo, 2 de fevereiro de 2014

Descoberto o original de «Cinco Dias, Cinco Noites»



Descoberto o original de «Cinco Dias, Cinco Noites»
[ literatura ]
Porto

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Descoberto original de Cunhal


O SOL encontrou no Arquivo Distrital do Porto, entre o material apreendido ao dirigente do PCP Blanqui Teixeira, o original deCinco Dias, Cinco Noites. Borges Coelho, companheiro de Álvaro Cunhal em Peniche, recorda a leitura de Cinco Dias de Viagem e os tempos da prisão.

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O original do romance Cinco Dias, Cinco Noites de Manuel Tiago, pseudónimo de Álvaro Cunhal, encontrado agora pelo SOL no Arquivo Distrital do Porto, entre o material clandestino que a PIDE apreendeu em 1963 ao dirigente Fernando Blanqui Teixeira, quando foi detido juntamente com os sogros e avós da única filha do então secretário-geral do PCP, baralha as convicções de Borges Coelho: “Estive sempre convencido de que este livro tinha sido apanhado nas buscas feitas no Forte após a sua fuga e que tinha ficado no meu processo no tribunal das Caldas da Rainha por tentativa de homicídio do guarda prisional que eles imobilizaram com clorofórmio para fugirem. O único livro que eu sabia que ele tinha levado era a ‘Mulher do Lenço Preto’, que mais tarde também mudou para ‘Até Amanhã, Camaradas’”.

Quando escreveu esta novela, Cunhal estava preso há quase nove anos. O regime fascista podia torturar, podia matar, mas não conseguia privar aqueles homens da sua fé. Não quebravam e, mesmo atrás das grades, apetrechavam-se, intelectualmente, para a luta. O dirigente, que já era um mito entre os seus pares, livrava-se do excesso de tensão escrevendo sem parar.

Em quase 11 anos de prisão, fez obras como A Questão Agrária, também apreendido no espólio de Blanqui Teixeira, As Lutas de Classes em Portugal nos Fins da Idade Média, um ensaio sobre literatura contemporânea que nunca foi publicado, e os dois romances.

Em 1958, durante um recreio ou numa faxina, momentos em que podiam aliviar a vigilância policial, o dirigente passa à sorrelfa a obra ao seu colega de cárcere. Borges Coelho esconde-o entre a roupa e, na cela, tendo como banda sonora o respirar do mar que circulava rebelde por baixo do forte, devora-a num ápice.

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Fonte: Sol

Artigo completo

fonte Pportodosmuseus

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fotografia de abertura - a capa de uma edição da novela «Cinco Dias, Cinco Noites» - do sítio internet Sítio do Livro a quem agradecemos.

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